A contemplar a ideia, entenda-me como seria rápido e fácil. Afinal, aqui tão perto estás, ainda que ignoremos. Claro, pois a saudade está pela metade. Assim como tudo sempre esteve.
E mesmo assim, cá estamos anos e anos depois. Batendo no mesmo compasso e descansando no mesmo tom. Harmonizados, em sincronia, como uma bela canção lusófona. Sempre a balancear o amargor do café passado e o frescor da água que esquenta o mate. Aliviando o frio rigoroso com uma cuia de chimarrão e uma risada. Porque, no fundo, eu vivi em negação. Observando teu sorriso espontâneo e acreditando que gostas de estar aqui.
E me dói saber o que sentes. Conhecer sua incessante busca por sentido. Porque eu aprendi a gostar dos teus defeitos. Estudei todas as suas falhas. Formulei uma teoria matemática da sua ação e razão. Aprendi quais erros você repete e percebi: não importa se quero te ver feliz mesmo longe. Tu nunca se satisfará e continuará tropeçando.
E não espero que percebas. Afinal tudo que disseste foi em vão mesmo. E mesmo assim, veja: não quero as rédeas do outono. Mas devo lembrar-lhe de tomar cuidado com qual inverno desejas. A primavera sempre vem, mas nem todas as flores sobrevivem.
Agora, se eventualmente quiser, saiba que continuo tão otário quanto era no final daquele verão.