Gabriel

Neve II

A caminhar pelo gelado deserto antártico,
Nessa doce e meiga solidão
Em uma primavera fria e sem flores,
Esperando pelo Sol do verão
Encontro a ruiva e gélida Deusa das Neves
E começo minha apresentação

Ó, minha deíssima Neve,
Que gelo tem em seu coração
Que reina sobre seus altos saltos
Acabando com o quente verão,
E que torna a pele humana
Vermelha como seus cabelos são

Venho até ti, minha deidade,
Com essa calma e humilde apresentação
Mostrar-lhe que eu sou mui digno
De um breve momento de atenção
Para que eu possa achar uma cura
Para minha mui grande e dolorosa solidão

Mas por que viajasse isso tudo?
A Neve me pergunta então
Por que andar por todo o deserto,
E vir tão longe de sua nobre nação?
Já era assim tão sozinho por lá,
Meu nobre e educado peão?

Eu lhe respondi foi que sim:
Mui vazio está o meu fraco coração
Ele já não enxerga a grande diferença
Entre o amor e a triste solidão
Ele já não sabe mais o que é
Pulsar por uma dada emoção

Vejo que estás sim mui gelado,
A Neve prossegue sua questão,
Mas não vejo o que é que trás a ti
A este longínquo ponto de benção
Pois eu consigo somente esfriar:
Nunca esquentarei um coração

Eu segui com minha resposta:
Deidade, não entendeste a situação?
Não vim a cá para me esquentar
Vim me livrar da solidão
Que tantas pessoas mui quentes
Puseram em meu coração