Seres Humanos

têm ficado cada vez mais entediantes. Por conta disso, cada vez mais surge o interesse por coisas que não eles. Não se explica tal fenômeno, mas haja liberdade de palpitar sobre.

Aparentemente, tem-se uma correlação entre essa tendência e o nível de especificidade requerido em sociedades modernas. Ora, pois, boa parte das profissões e profissionais tratam de assuntos muito mais específicos que antes tratariam.

Tal fenômeno não seria um problema, porém, caso não fosse acompanhado do incentivo ao emburrecimento e à atitude de fechar-se ao resto do conhecimento. É perceptível a quantidade de humanos que aprendem a realizar seu trabalho específico e não procuram aprender nada mais além. Muitas vezes, não procuram nem entender como suas próprias ferramentas funcionam: estão confortáveis em somente saber usá-las, pois isso mantém suas contas pagas. Vê que falta-lhes paixão em conhecer o que gosta e o que for possível de ciências a mais.

Ora pois, a melhor parte de conversar com alguém que faça algo diferente do que se faz, é aprender sobre outra área e admirar a paixão que alguém tem por tal! Conversar se torna frustrante, na medida em que a paixão do interlocutor por conhecer mais sobre a própria área acaba. Humanos, então, têm se tornado entediantes.

Alguns desses indivíduos então consomem da própria indústria cultural. Ação que não seria problema se fosse uma mera apreciação da arte. Tornou-se, porém, a maneira que têm de saciar seu vazio. Pois estão a ficar tão pobres de espírito quanto de paixão.

Outros estão a entrar em uma pior situação, que é a da competição social. Esses se dedicam a postar sua vida mentirosa no Instagram - a rede em que tudo é um grande teatro de perfeita vida - em busca do trófeu de quem tem o melhor fim de semana. Fora disso, porém, estão a queixar-se aos amigos dos problemas que possuem. Pois não há paixões, não há troca de conhecimento. Há somente o problema. Exceto quando em público, onde mentem que são felizes achando que agradarão pessoas que sequer gostam!

E é dessa maneira que a sociedade humana começa o terceiro milênio depois de Cristo. Eles são os civilizados que não ocupam suas cabeças: as deixam para que sejam oficinas de coisa má. Fora do trabalho, só pensam besteira! Não vais a falar com eles, a única conversa longa que terá será sobre sexo ou entretenimento violento!

Pobres seres humanos. Nunca saberão o prazer de conversar sobre um assunto que não entende, com alguém que ama falar sobre tal.