A arte deve ser apreciada. Têm-se aí um fato. Entretanto, tratando-se da literatura, valoriza-se mais o autor que tece críticas e denúncias com criatividade do que aquele cujos textos nos mostram a beleza da língua. À tal regra, apresentam-se as exceções dos poetas clássicos e árcades, em especial Luís Vás de Camões.
Ainda que escrevesse no século XVI, o marinheiro nos deixou uma atemporal criação, tendo em vista que a língua lusitana de seus poemas é e era louvada meio milênio após, isso é, por minha pessoa hoje, e antes, quando galega ainda se chamava. Tal beleza que não se corrói o português (o poeta junto da língua) criou por meio da rima e da métrica, que juntas resultam em textos musicalmente harmônicos e agradáveis.
Além do teor estético, o mais clássico dentre os lusófonos nos apresenta temáticas épicas e idealizadas. Nada mais que tal está de acordo com a língua pela apreciação, pois estes temas valorizam o perfeito. Se o contrário fosse feito e Camões valorizasse a imperfeita realidade, seria jornalista e não poeta. De tal forma, seus versos oferecem a fuga à uma bela Arcádia, que agrada aos que, como eu, desejam apreciar a literatura, e não se incomodar com ela.
Em suma, a visão de mundo idealista como fuga da realidade e a estética harmônica de Luís Vás de Camões tornam a literatura do navegante uma comemoração ao que é agradável e belo, com o qual facilmente me identifico.